domingo, 27 de março de 2011

AFINAL CHEGOU MESMO A PRIMAVERA!


O Calendário, naquele dia anunciava a Primavera. Por incrível que parecesse, estava um dia de inverno! O sol levou com a alcunha da lua, abriu os olhos no seu esplendor, brilhou e...logo rabujento começou a esconder-se entre pinceladas que sarrabiscavam o céu, numa tonalidade escura, que não deixava escapar um fiozinho de luz.

Havia uma certa calmaria, mas uma calmaria irritante...tudo parecia que estava no sono eterno.

Helena levantou-se do seu sofá forrado dum tecido inglês, de tonalidades suaves. Passou um pouco de baton para dar uma corzinha mais marcante e veio para a rua, quase como sonâmbula! Deparou-se com uma praça arborizada; canteiros floridos de amores perfeitos, onde contrastavam corpos enfiados em "kispos" sombrios, deixando transparecer sorrisos amargos, que percorriam as ruas acinzentadas, talvez à procura dum pouco de nada..... Só o cinza carregava e os corpos pareciam querer sucumbir! Pensou.... olhou e mais se aterrorizou!

Caminhando cambaleante, um pouco já afastada daquele praça, encontrou um café simpático com um ar moderno, um pouco de design num cinza prata com um branco à mistura, focos, um vazo grande com rosas vermelhas sobressaiam naquele conjunto! Procurava um pouco de calor...sentou-se e pediu um café; inspirou... expirou...e quase ficou aliviada!

Percorreu com o olhar o simpático café, onde duas ou três mesas estavam ocupadas, as outras despidas de nada... Saboreou seu café e o sorriso da empregada; vagueou... pousou os olhos e os sentidos...nas mesas vizinhas querendo adivinhar se a solidão era só sua!,. Por mais curioso, na mesa do lado esquerdo, alguém, cujo rosto não podia ver, olhava o jornal , sempre dentro da mesma pagina; ou estava longe ou arquitectava matar os ponteiros do relogio que não lhe obedeciam..... Procurando um pouco de esperança......esboçou um sorriso e continuou a observar:

Talvez na casa dos 30.. um casal, ele, um pouco delambido, brejeiro, gestos mais ou menos controlados, entusiasmado, parecia convidá-la para a festa do marisco, lá para os lado de Grove; ela anafadinha, parecendo as mulheres de "Botero", parecia espraiar-se sobre a mesa; instintivamente segurava a cabeça, com um sorriso enfadonho! Cada vez mais desinteressada, cabeça quase pousada no ombro, pareceu--lhe ouvi-la num tom rouco..."cala-te"!

Quase sem dar por ela, ia sorrindo embebida em todas aquelas histórias, que ia criando uma vez que os personagens se ofereciam..... De repente ouve um música romântica, relembrou com saudade os anos sessenta, dois corpos enleados faziam juras de amor. Um telemóvel tocou o homem solitário, dobrou o jornal....e sorriu. Fixou-o ....estilo dengoso; mostrava escutar uma voz ternurenta, que lhe segredava um carícia... Por instantes, Helena fechou os olhos... fantasiou naquele telefonema, era para si! Alguém acarinhava, uma voz melodiosa... convidava....Sorriu de felicidade...sonhava; fixou novamente o parceiro da mesa, os olhares entrelaçaram-se, os corações palpitaram...tímidos...olharam através da vidraça...um raio de sol rompeu na tarde daquele dia cinzento e...fez -se finalmente um dia primaveril!

Hermínia Coelho Lopes

Publicação para a Fabrica de Histórias
http://fabricadehistorias.blogs.sapo.pt/

quarta-feira, 23 de março de 2011

TRADUZIR-SE






Traduzir-se
Uma parte de mim
é todo mundo:
outra parte é ninguém:
fundo sem fundo.

Uma parte de mim
é multidão:
outra parte estranheza
e solidão.

Uma parte de mim
pesa, pondera:
outra parte
delira.

Uma parte de mim
almoça e janta:
outra parte
se espanta.

Uma parte de mim
é permanente:
outra parte
se sabe de repente.

Uma parte de mim
é só vertigem:
outra parte,
linguagem.


Traduzir uma parte na outra parte
- que é uma questão
de vida ou morte –
será arte?

Poema de FERREIRA GULLAR


Nós somos uma parte que se traduz na outra parte que também somos.

Emília Pinto

sexta-feira, 18 de março de 2011

DIA DO PAI!









. Estavamos em Março e o sol começou a espreitar bem cedo.
Azáfama! O emprego... corrida para autocarros e metro; assim começava mais um dia primaveril. Dirigi-me à cidade mais próxima e o tempo convidou-me a mudar o rumo naquele dia de sol .
Sentei-me numa esplanada cercada de jardins; os canteiros sorriram , qual deles o mais colorido; pousei o olhar e detive-me em todas as flores rejuvenecidas e vaidosas.. Não sei quanto tempo estive a comtemplá-las... vagueei por entre aquelas pétalas doces e aveludadas com vontade de viver feliz .
Na mesa ao lado estava alguém que ,quando os nossos olhares sorrateiros se cruzaram , por momentos, levou-me ao passado.
Envolta numa nuvem de algodão doce , desenhava-se uma pequenita, ladina, brincalhona; mais concentrada fiquei e o o desenho foi-se tornando cada vez mais nitido; conhecia -a....
Intantes breves... novamente os olhares se encadearam e as mesas se tocaram..
Um sorriso.... conversa timida e a pouco e pouco a nuvem se desfez; era ela...ela mesma...a pequenita ladina...a Leninha. .
Comtemplei-a e em breves segundos, enquanto me certificava dos traços de criança agora tornada mulher, com sulcos já bem profundos e mãos enrugarradas....marcas de uma vida, voltei atràs no tempo e ... bem... a.memória não me atraiçoou; longe... numa terra coberta de verdura, serpenteada por um rio houve grande festa no colégio ., que ambas frequentamos naquele dia um dos directores fazia anos ......muitoa alunos ,pequena a sala; elogiar e dar os parabéns ao director era o dever de todos.
. Depois da intervenção dos convidados e restantes directores, chegou a vez dos alunos. Subiu então ao palco a Leninha com o seu vestidinho rodado, grande laçarote no cabelo e um grande ramos de rosas; não faltou o papelito na mão para não se enganar na declamação.
.A sala silenciou e a menina começou a ler um poema feito por alguém para aquele dia ,quando o terminou, emocionada ,curvou-se perante todos e chorou; comovidos por uma miuda de 9 anos transmitir tanto sentimento abraçaram.na ;o director beijou-a e agradeceu.
Fiquei intrigada com aquele comportamento pouco comum nestas idades e aos pouco fui desvendando sua história.
Aquela menina tinha perdido seu pai poucos meses antes e a saudade era muita.
Mais aprofundei sua história.... a brincalhona, que conhecia era uma menina triste, com uma infância muito marcada; apesar de criada numa familia bondosa, nunca fora feliz; seus pais tinham uma relação pouco estavel.
Ladina, nos seus quatro anos de idade, ia-se apercebendo o quanto o mundo era mau.... os desencontros, esses, eram constantes; sua mãe, pela madrugada, acordava-a para procurar seu pai; Leninha, ensonada, com o seu casaquinho xadrez lá acompanhava sua mãe; foram muitas noites e muitas outras se seguiram iguais a essas.
Não se questionava sobre esse mundo tão cruel,angustiada fugia de casa procurava os avo´s e tia.. o seu porto de abrigo,onde se sentia aconchegada. .
Voltava a casa entristecida!
As cenas repetiam-se e um dia viu sua mãe com a mala na mão, pronta a partitr; olhou ,mas não compreendeu bem o que se estava a passar ; estava de novo triste, a Leninha...
Num fim de tarde, pelo quintal de sua casa ouviu chegar uma ambulância; apavorada ela viu...levaram-no! Seria a ultima cena!.
Mais tarde, seu avô protetor levou-a ao hospital para ver seu pai.
Chegou o mês frio e chuvoso de Novembro; andava então a Lenita já na quarta classe; seu avô foi buscá-la à escola ; ao vê-lo, abraçou -o contente; disse adeus às companheiras com alegria.
Chegada a casa, vestiram-lhe um vestido cinzento.... seu pai tinha falecido.
A Leninha gostava de seu pai... era uma ternura; conservava consigo uma unica fotografia juntos... Leninha no seu vestido rodado e o seu grande laçarote.....
Voltamos a sorrir...
Abraçamo-nos num aperto de 50 anos de saudades; ela, com um sorriso bondoso herdado das boas gentes daquela terra exclama: " Vim comprar um bolo...HOJE É O DIA DO PAI!

Autoria-Herminia Lopes

Publicado para a Fábrica de Histórias
fabricadehistorias.blogs. sapo.pt


PS. Parabéns a todos os Pais, todos estão presentes!

Herminia

terça-feira, 15 de março de 2011

RODA VIVA





"O tempo roda num instante..." Há que o aproveitar bem, tendo sempre uma voz activa e sendo participativos nessa roda viva que é o mundo.
Emília Pinto

quinta-feira, 10 de março de 2011

quarta-feira, 9 de março de 2011

VAMOS LÁ.......







Aprender a Viver

De um modo geral aceita-se que nenhuma actividade pode ser levada a cabo com sucesso por um indivíduo que esteja preocupado, uma vez que, quando distraída, a mente nada absorve com profundidade, mas rejeita tudo quanto, por assim dizer, a assoberba. Viver é a actividade menos importante do homem preocupado, no entanto, nada há mais difícil de aprender; por todo o lado, encontram-se muitos instrutores das outras artes: na realidade, algumas destas artes são captadas tão intensamente por simples rapazes que assim as podem ensinar. Mas aprender a viver exige uma vida inteira e, o que te pode supreender ainda mais, é necessária uma vida inteira para aprender a morrer.

Tantos dos mais ilustres homens puseram de lado todos os seus embaraços, renunciando a riquezas, negócios e prazeres e tomaram como único alvo até ao fim das suas vidas, saber viver.
Contudo, muitos deles morreram a confessar que ainda nada sabiam - muito menos saberão os outros. Acredita em mim: é marca de um grande homem, daquele que está acima do erro humano, não permitir que o seu tempo seja esbanjado: ele tem a mais longa vida possível simplesmente porque todo o tempo que tinha disponível o devotou inteiramente a si. Nada do seu tempo é desperdiçado ou negligenciado, nada do seu tempo fica sob controlo de outrém; ao ser um guardião extremamente zeloso do seu tempo, nunca encontrou nada que merecesse a troca. Assim, ele tem tempo suficiente; mas aqueles em cujas vidas o público faz grandes devassas inevitavelmente têm muito pouco de seu.

Séneca, in 'Da Brevidade da Vida'



Há séculos que o Homem tenta " Aprender a Viver "! Considero o " SABER VIVER" uma virtude e felicito todos aqueles que podem afirmar: " sim, felizmente, aprendi a viver". Esses são, com toda a certeza, felizes e deram sempre muito mais valor ao SER do que ao TER.

Emília Pinto

terça-feira, 8 de março de 2011

A TODAS NÓS, MULHERES!




Foi para a sua Yoko que John Lennon cantou esta linda música, dedicando-a ao mesmo tempo a todas as mulheres do universo

Juntamo-nos a ele, deixando um beijinho muito especial de parabéns às nossas amigas seguidoras e a todas as mulheres que por aqui passarem.

Sejam muito felizes, não só hoje, mas sempre!


Emília e Hermínia

quarta-feira, 2 de março de 2011

É COM ESSE QUE EU VOU!








Ps. Amigos, com a ETERNA ELIS REGINA, quem não samba com aquela saudade?

A Todos que por aqui passarem desejamos um Bom Carnaval,uma noite bem divertida para alegrar os corações; para isso deixamos um bom começo....

Herminia e Emilia